...o que estou lendo:
"Os contornos do meu futuro pensamento começaram a deliner-se;
o problema central viria a ser a língua. Em primeiro lugar, obviamente, porque amo a língua. Amo sua beleza, sua riqueza, seu mistério e seu encanto. Só sou verdadeiramente quando falo, escrevo, leio ou quando ela sussurra dentro de mim, querendo articular-se. Mas também porque ela é forma simbólica, morada do Ser que vela e revela, vereda pela qual me ligo aos outros, campo de imortalidade aere perennius, matéria e instrumento da arte. Ela é meu compromisso, através dela concebo minha realidade e por ela deslizo rumo ao seu horizonte e fundamento, o silêncio do indizível.
Ela é minha forma de religiosidade. É, quiçá, também a forma pela qual me perco."
Vilém Flusser, (1920-1991), foi filósofo, escritor e jornalista - nasceu em uma família de intelectuais judeus, na Tchecoslováquia. Seu trabalho foi marcado pela discussão dos pensamentos de Martin Heidegger, pela influência do existencialismo e fenomenologia. Migrou para o Brasil em 1941, durante a Segunda Guerra; ao longo da década de 60 ensinou Filosofia da Ciência e Filosofia da Comunicação, na USP. Em 1963, publicou seu primeiro livro, Língua e realidade, considerado uma obra prima. (continua...)
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